Caminhar na
natureza
Mesmo
que custe no início habituar o corpo ao movimento, vale a pena começar.
Caminhar é uma atividade agradável e se for feita em ambientes
naturais é muito melhor. Nas férias de verão,
quando vou a Portugal, aproveito sempre para fazer caminhadas ao longo da linha
do mar, na areia molhada, a sentir o mar banhar-me os pés, o sol aquecer-me gentilmente o corpo e a brisa a
refrescar-me e a fazer esvoaçar os meus cabelos. O cheiro do mar é
também muito agradável. Tudo isto são sensações
boas e totalmente gratuitas, que de certeza são
extremamente benéficas para o nosso corpo e para o nosso espírito.
Como faço praia numa vila com atividade piscatória,
em Angeiras, que fica no norte de Portugal, ainda tenho o privilégio de observar uma comunidade
humana a viver junto do mar e utilizá-lo como recurso económico.
Além das caminhadas junto ao mar, fazemos também habitualmente um pequeno
passeio ao mercado local, onde há sobretudo a venda do peixe, mas
também se vendem produtos hortículas locais e produtos têxteis,
com muitas toalhas de praia coloridas, fatos de banho e outras roupas de verão.
Quando
os meus filhos eram pequenos as caminhadas junto ao mar eram muito lentas,
porque parávamos muitas vezes para ver as pequenas pocinhas que
se formavam nas rochas que ficavam expostas na maré baixa. Como vivemos a maior
parte do ano na Suíça, perto de uma área
de floresta, a sua infância foi muito feita em contacto com
a floresta. Foram eles que nos convidaram, a nós
pais, para ir conhecer a floresta, quando entraram para o Jardim de Infância,
aos quatro anos. As crianças começam
a fazer caminhadas e visitas à floresta nesta idade e continuam
durante a escola primária, que onde vivemos, no Cantão
de Zurique, tem duração de seis anos letivos. Chegámos a ir à floresta, a convite das
escolas, mais do que uma vez, para fazer atividades com as crianças.
Para receber este
grupo etária existem trilhos e atividades na floresta e mais importante: a
floresta é segura e é limpa, não se encontra facilmente lixo fora dos
recipientes e a segurança também é feita pelas pessoas de todas as idades que
passeiam na floresta. Em algumas zonas há atividades para crianças, e para os
adultos curiosos, realizarem, como caminhar de pés descalços nas diferentes
coberturas que podem aparecer no solo da floresta. A caminhada sugere uma
massagem aos pés e é verdade, porque experimentei e o resultado é agradável. Fazer
isto é claro que exige segurança, porque a floresta é um espaço público onde a
sua manutenção e segurança depende de todos.
Uma outra atividade convida
a descobrir a que distância podem saltar os animais da floresta e nós humanos
também estamos contemplados e não fazemos má figura porque o recorde mundial do
salto em comprimento é de quase nove metros, só nos suplanta o veado que chega
aos onze metros. Nesta atividade podemos experimentar até onde vai a nossa
capacidade de saltar e é claro que podemos melhorá-la! É uma atividade
divertida tal como a massagem aos pés.
Outra zona apresenta
um caminho, de alguns metros, construído à volta das árvores e é divertido
passear em redor das árvores neste chão de madeira que é tão confortável como o
das nossas casas, embora não seja polido, nem envernizado.
As visitas das
crianças deixam marcas na floresta, de pequenas casas e decorações feitas com
os materiais existentes na floresta: ramos de árvores, pinhas, flores, pedras,…
Existem locais próprios para acender fogueiras e pequenas casas de madeira
dispersas pelo espaço da floresta, fechadas, mas que se abrem quando há
atividades com as escolas. Já participei num lanche dentro de uma, num convívio
para os pais e alunos de uma turma. Há bebedouros de águal potável espalhados
pela floresta e locais para deitar o lixo. No entanto a floresta junto ao local
onde vivemos, Sihlwald, em Zurique, não deixa de ser floresta e de ter locais
selvagens e misteriosos ao lado dos caminhos de terra e pedras, com clareiras
forradas de silvas verdes, pinheiros grandes que escondem a luz solar, pássaros
e outros animais dos quais só se ouvem os sons. O que a torna ainda mais
interessante.
Levei muitas vezes os
meus filhos, quando eram pequenos, a passear na floresta, assim como os levei,
em Portugal, à praia. Ainda hoje, mesmo uns anos mais velhos, fazemos por vezes
caminhadas na floresta e voltamos sempre com mais energia. Encontro na floresta
pessoas de todas as idades, sozinhas, com cães, em grupo, normalmente a pé, mas
por vezes com a bicicleta ou até a cavalo, mas não há multidões, porque o
espaço é grande e facilmente ficamos sozinhos no meio do verde
Vale a pena manter os
espaços naturais. Os espaços naturais públicos são uma riqueza para todos, como
diz, e muito bem, um placar num ponto informativo da floresta Sihlwald.
Albina
Nogueira – primavera 2020
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