Sunday, 19 April 2020


Caminhar na natureza









Mesmo que custe no início habituar o corpo ao movimento, vale a pena começar. Caminhar é uma atividade agradável e se for feita em ambientes naturais é muito melhor. Nas férias de verão, quando vou a Portugal, aproveito sempre para fazer caminhadas ao longo da linha do mar, na areia molhada, a sentir o mar banhar-me os pés, o sol  aquecer-me gentilmente o corpo e a brisa a refrescar-me e a fazer esvoaçar os meus cabelos. O cheiro do mar é também muito agradável. Tudo isto são sensações boas e totalmente gratuitas, que de certeza são extremamente benéficas para o nosso corpo e para o nosso espírito. Como faço praia numa vila com atividade piscatória, em Angeiras, que fica no norte de Portugal, ainda  tenho o privilégio de observar uma comunidade humana a viver junto do mar e utilizá-lo como recurso económico. Além das caminhadas junto ao mar, fazemos também habitualmente um pequeno passeio ao mercado local, onde há sobretudo a venda do peixe, mas também se vendem produtos hortículas locais e produtos têxteis, com muitas toalhas de praia coloridas, fatos de banho e outras roupas de verão.



Quando os meus filhos eram pequenos as caminhadas junto ao mar eram muito lentas, porque parávamos muitas vezes para ver as pequenas pocinhas que se formavam nas rochas que ficavam expostas na maré baixa. Como vivemos a maior parte do ano na Suíça, perto de uma área de floresta, a sua infância foi muito feita em contacto com a floresta. Foram eles que nos convidaram, a nós pais, para ir conhecer a floresta, quando entraram para o Jardim de Infância, aos quatro anos. As crianças começam a fazer caminhadas e visitas à floresta nesta idade e continuam durante a escola primária, que onde vivemos, no Cantão de Zurique, tem duração de seis anos letivos. Chegámos a ir à floresta, a convite das escolas, mais do que uma vez, para fazer atividades com as crianças. 





Para receber este grupo etária existem trilhos e atividades na floresta e mais importante: a floresta é segura e é limpa, não se encontra facilmente lixo fora dos recipientes e a segurança também é feita pelas pessoas de todas as idades que passeiam na floresta. Em algumas zonas há atividades para crianças, e para os adultos curiosos, realizarem, como caminhar de pés descalços nas diferentes coberturas que podem aparecer no solo da floresta. A caminhada sugere uma massagem aos pés e é verdade, porque experimentei e o resultado é agradável. Fazer isto é claro que exige segurança, porque a floresta é um espaço público onde a sua manutenção e segurança depende de todos.






Uma outra atividade convida a descobrir a que distância podem saltar os animais da floresta e nós humanos também estamos contemplados e não fazemos má figura porque o recorde mundial do salto em comprimento é de quase nove metros, só nos suplanta o veado que chega aos onze metros. Nesta atividade podemos experimentar até onde vai a nossa capacidade de saltar e é claro que podemos melhorá-la! É uma atividade divertida tal como a massagem aos pés.

Outra zona apresenta um caminho, de alguns metros, construído à volta das árvores e é divertido passear em redor das árvores neste chão de madeira que é tão confortável como o das nossas casas, embora não seja polido, nem envernizado.


As visitas das crianças deixam marcas na floresta, de pequenas casas e decorações feitas com os materiais existentes na floresta: ramos de árvores, pinhas, flores, pedras,… Existem locais próprios para acender fogueiras e pequenas casas de madeira dispersas pelo espaço da floresta, fechadas, mas que se abrem quando há atividades com as escolas. Já participei num lanche dentro de uma, num convívio para os pais e alunos de uma turma. Há bebedouros de águal potável espalhados pela floresta e locais para deitar o lixo. No entanto a floresta junto ao local onde vivemos, Sihlwald, em Zurique, não deixa de ser floresta e de ter locais selvagens e misteriosos ao lado dos caminhos de terra e pedras, com clareiras forradas de silvas verdes, pinheiros grandes que escondem a luz solar, pássaros e outros animais dos quais só se ouvem os sons. O que a torna ainda mais interessante.




Levei muitas vezes os meus filhos, quando eram pequenos, a passear na floresta, assim como os levei, em Portugal, à praia. Ainda hoje, mesmo uns anos mais velhos, fazemos por vezes caminhadas na floresta e voltamos sempre com mais energia. Encontro na floresta pessoas de todas as idades, sozinhas, com cães, em grupo, normalmente a pé, mas por vezes com a bicicleta ou até a cavalo, mas não há multidões, porque o espaço é grande e facilmente ficamos sozinhos no meio do verde




Vale a pena manter os espaços naturais. Os espaços naturais públicos são uma riqueza para todos, como diz, e muito bem, um placar num ponto informativo da floresta Sihlwald.


Albina Nogueira – primavera 2020

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